Muitas comunidades quando são criadas, formadas e, tendem a crescer pelas
interwebs, possuem, geralmente, lá de fundo pelo seu líder(es) e afins o famoso
discurso: ter uma comunidade que abrace e a galera se sinta bem, nada de ódio e
derivados. Mas, quando você discursa isso e, realiza atos para atiçar
engajamento na base da raiva, ódio (hate) de uma parte da audiência e, de parte
que receba quando o conteúdo fura a bolha? Deve dá um ruim grande, ainda assim,
não justifica receber ataques. Vamos falar sobre o ataque de ódio ao Omelete
devido uma crítica bem fraca, e muito provocativa, sobre o famoso episódio de
The Last of Us.
Contextualizando a treta do Omelete
Como dito acima, a bomba que explodiu dessa vez foi o review do episódio três
da série de TV de The Last of Us pela HBO, série baseado no game de mesmo
nome. O título da crítica já foi, para muitos, o ponto inicial de ataque "O
desabafo de uma pessoa sã em um mundo de fãs de The Last of Us".
Existem alguns interpretações para o título que vai desde o "olha, não faço a
mínima ideia da origem da série e estou criticando o que vejo na TV" e pode
chegar num extremo, o que foi entendido por uma boa parte da galera da turma
do amor (nesse caso é, vamos ser sinceros...) é "eu tenho algum problema
mental por gostar de The Last of Us então?". Se qualquer besteira vira briga
na internet, imagine algo assim.
O review é feito pelo modelo que não é muito bom hoje em dia, contudo, ela
explica o que gostou e não gostou, como as cenas dialogaram com ela enquanto
reflete se era aquela, a intenção original daquele momento, e por aí
vai.
Levando em conta as comunidades que formariam a fanbase mais chata de The Last
of Us para a série, obviamente, uma opinião que vá contra a obrigatoriedade de
gostar da série, seria mal recebida. Mas a coisa ficou muito doida.
Nada justifica ataques de ódio
Como na postagem não existe a caixa de comentários e, no Twitter, o tweet foi
apagado (provavelmente o mesmo ocorreu no Facebook) presumo que os ataques e
ameaças foram em rede social. A autora do texto tem todo o direito de não ter
gostado de The Last of Us, ninguém é obrigado a gostar de nada. Quem gostou,
curte e não perturba quem não curtiu. É simples.
Talvez venha o sentimento de reclamar em você, afinal, esse título foi de
lascar e zaz. Concordo com você, porém, já considerou contra-argumentar e
mostrar que foi infeliz as escolhas das palavras? Eu ainda acredito que possa
existir diálogos nas interwebs, por mais que progressistas e conservadores
praticamente façam as mesmas coisas na hora de comentar, só mudam as palavras
na hora de bater virtualmente.
Pensamentos diferentes sobre a mesma obra são bons e bem vindos, esse universo
de todos pensarem iguais, tecerem as mesmas "críticas" não gera um debate e
discussão de ideias saudáveis. Essa cultura que nerd(ola) tem de querer ser
gado, ao mesmo tempo que não se toca disso, é bizarra. É tanta gente se
achando dona da verdade por causa de uma ideologia, que vemos essas bizarrices
nos fandom de entretenimento.
De um lado, existe o uso da famigerada cultura pop como movimento de recrutar
uma massa de manobra para a extrema direita. Do outro lado, o ódio do bem,
acaba criando algo similar. Ambos vão negar mas comprovam a teoria da
ferradura, quando envolve cultura pop.
O vago pedido de respeito do Omelete
Quando eu vi sobre esse ataque de ódio ao Omelete, a treta já estava estourada
e foi quando comentei o motivo da minha ausência nas web nessa semana de carnaval via
Twitter. Vi que Omelete era assunto dos trends topics e estava pegando fogo, me
deparo com o vídeo abaixo:
Um recado sobre respeito para o público do Omelete pic.twitter.com/UnZSbOZJPu
— omelete (@omelete) February 24, 2023
Marcelo Forlani, um dos criadores e donos do Omelete, realiza esse pedido de
paz e respeito e podemos ver muitos problemas. Não deveria ter, mas, vamos aos
pontos que me chamam a atenção.
O vídeo começa com a preocupação sobre o tom que anda tendo as interações nas
redes sociais deles, afinal, o mesmo diz que o Omelete sempre foi um lugar
aberto a conversa. Há controvérsias, e forte. Principalmente pela linha
editorial que resolverem seguir e adaptaram ao longo da última década. Mais
abaixo comento o ponto de vista sobre isso.
Dando sequência, vem o que é minimamente esperado de uma empresa desse ramo, a
defesa aos seus funcionários. Mas convenhamos hein, demorou uns bons anos para
isso acontecer. O que muitos funcionários antigos, especialmente a mulheres,
já sofreram nas redes e tiveram que encontrar sozinhas seu escudo para se
defender. Não atoa o site/canal deles é "case" sobre como não fazer certas
coisas para dar certo.
vc não tá sozinha. pic.twitter.com/r6AtMTVao4
— Carol Moreira (@carolmoreira3) February 25, 2023
Depois é reforçado que sim, estão abertos à opiniões contrárias, contudo, não
apenas o Omelete, mas como muitos sites e canais que são taxadas de "woke no
entretenimento" gostam de agir na base do "concorde comigo ou te taxo de algum
ista". Isso é um dos pontos acumulados para o atual público que temos.
Chegando no final vem a cereja do bolo e mais um dos pontos do problema que
gerou a atual base de fãs do entretenimento. Existe uma infantilização pesada
no público, o papo reto de nerd para nerd, e isso vai muito além de você colecionar Funko POP ou usar
produtos de heróis, games e afins. É na mentalidade criada para formar público
e retê-lo.
Eu sou fã, quero service!
Ao menos desde 2016 ao que me lembro, foi o ápice da primeira queda da
qualidade e relevância do Omelete. Não apenas para a minha pessoa, mas, para
muitos que eram parte fiel do público deles e foi largando. De 2010 até
2014/15, eu consumia muito a OmeleTV e as críticas de filmes, mas mantendo
minha mente pensando. Coisa que muitos droparam pelo caminho e abraçaram a
terceirização do pensamento.
Isso também contribui para a comunidade nerd/geek ser tão vazia em mais da sua
maioria. Em 2016 eu tenho como o ápice da queda da qualidade do Omelete por
vê-los abraça-los mais o comercial, essa foi minha sensação. A crítica e
defesa absurda de querer transformar Batman vs Superman em um filme excelente,
era absurdo, surreal. Fiquei pasmo e larguei, ali foi o ponto que somando tudo que não via mais ter sentido no site, entrar em erupção. Hoje em dia soltaria uma
reclamação e só.
O vídeo era patrocinado com produtos derivados do filme. Não tem como EU
acreditar em imparcialidade de crítica em um vídeo assim. Imagine você
escrever ou falar sobre um produto, realizando anuncio pago por ele.
Críticas duvidosas foram aumentando e note um detalhe, é e será normal
discordâncias, contudo, existem obras que mesmo que não sejam de um gênero que
agrade uma pessoa, ela é boa ao ponto dessa dizer algo como "não é o tipo de
obra que eu gosto de consumir mas parece realmente bem feita".
Existem muitas linhas tênues e, se hoje em dia, as pessoas ainda tivessem
vergonha de expor a burrice ou pensasse um pouco antes de simplesmente sair
abrindo a boca, muitas coisas seriam evitadas, até o Monark "politizado" não
existiria.
Omelete colheu o que plantou
Se você curiar os comentários no vídeo acima que pedem para o público maneirar, agir como uma pessoa normal e ser educada, note como existem muitos comentários de pessoas, algumas ex-público, indo no mesmo tom "colheram o que plantaram".
Já faz um bom tempo que o Omelete e outros sites/canais partiram para um editorial mais provocativo e com uma comunidade que simplesmente pense igual a eles. Qualquer cabeça que esboce um pouco de pensamento e, tentasse algo diferente como, discordar e tentar conversar um ponto de vista diferente, acabava não sendo bem vindo.
Muitos ataques bestas de ódio e ameaças nas interwebs, tendem a vir do pessoal que se diz mais conservador/de direita, porém, esse episódio, acabou sendo da própria bolha progressista que eles cultivaram com sua escolha editorial. Alguns chamam de cultura woke, mas, por mais que haja sentindo, outras palavras se encaixariam melhor.
Mas ai eu lembro que é "proibido usar português" na hora de usar tags na web.
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Ainda acredito na salvação desse público pra racionalidade |
Não é exagero que o próprio site acabou sendo, de certa forma, intolerante. Acabou batendo no público o qual ele não queria, o dito conservador, e por tabela, acabou batendo em quem não está lá e também não se vê do outro, mas tem bom senso e só queria curtir seu conteúdo bobo de entretenimento.
Sim, entretenimento e cultura pop é a parte mais boba que temos para nos preocupar. O nome é entretenimento e não boleto a pagar, não tem e nem deveria gerar essa seriedade a qual existe hoje em dia. Assim como muitos salvariam um político ladrão e não salvariam a própria mãe, muitos defendem mais histórias de personagens imagináveis do que pessoas reais!
Muitas coisas devem ser revista para moldar esse público para uma linha crítica, racional e educada, o dito fã de cultura pop. Mas, no fim, eu não duvido de nada apenas surgir outra tag para somar a nerd e geek e, assim, engajar o novo público que vai ajudar no seu faturamento ou render cliques pra Amazon. Apenas lembre-se com o que você os alimenta, pode criar outros monstrinhos assim.
Reforçando: nada justifica discurso de ódio e ameaça de morte por causa de filme, série, anime, game, essas coisas.
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